Especialistas pedem regulamentação mais rígida para o setor.
O seguro aeronáutico no Brasil ainda é tratado como uma opção para muitos operadores, mas deveria ser visto como uma necessidade, alerta Luiz Eduardo Moreira, CEO da Vokan Seguros. Segundo ele, o setor enfrenta riscos significativos, e a regulamentação atual não oferece proteção suficiente para todas as situações.
Seguro Reta: cobertura mínima obrigatória
“O Reta é o único seguro obrigatório para aeronaves no Brasil, mas sua cobertura é bastante limitada”, explica Moreira. Segundo ele, o seguro cobre indenizações para passageiros, tripulantes e terceiros em caso de acidente, mas os valores são baixos. “Estamos falando de aproximadamente R$ 107 mil por ocupante e cerca de R$ 110 mil para danos a terceiros no solo. Dependendo da gravidade do acidente, esses valores podem ser insuficientes para cobrir os prejuízos”, afirma.
Casco e LUC: proteção adicional para operadores
Para garantir uma cobertura mais ampla, os operadores podem contratar outras apólices, como o seguro Casco e o LUC (Limite Único Combinado). “O seguro Casco cobre danos físicos à aeronave, e sua cotação considera fatores como o valor de mercado do bem e a experiência do piloto”, explica Moreira. “Já o LUC é um complemento ao RETA e amplia a proteção para danos a terceiros, tripulantes e passageiros, permitindo que o operador escolha um valor de cobertura maior.”
De acordo com o especialista, algumas apólices LUC chegam a US$ 500 milhões. “Mesmo assim, muitos proprietários de aeronaves ainda não enxergam a importância desse tipo de seguro”, destaca.
Especialistas pedem regulamentação mais rígida
Moreira defende que o Brasil deveria ampliar a regulamentação sobre seguros aeronáuticos. “Se tratando de um acidente aéreo, nunca se sabe a extensão dos danos que um operador pode enfrentar. O Reta tem cobertura limitada, e o LUC deveria ser obrigatório para garantir maior proteção”, argumenta.
O crescimento da aviação executiva no país reforça essa necessidade, segundo ele. “Hoje temos mais de 10,1 mil aeronaves voltadas para a aviação executiva, geral e de negócios. Com esse volume, é fundamental que os operadores entendam a importância de ter um seguro adequado”, alerta.
Para o especialista, o seguro aeronáutico não deve ser tratado como um luxo, mas como uma ferramenta essencial para a segurança e sustentabilidade do setor. “São nas horas mais difíceis que percebemos a importância de uma boa proteção”, conclui.