Quem vai e volta do trabalho com moto está mais vulnerável a acidentes.
O presidente do Sindicato dos Motociclistas da Grande Curitiba (Sintramotos), vereador Cacá Pereira, diz que na região existem cerca de 10 mil profissionais que trabalham sobre motos. Segundo ele, a maioria dos acidentes não envolve motoboys ou motofretistas, mas pessoas que utilizam o veículo para locomoção ou lazer.
A entidade não possui dados estatísticos sobre acidentes com os profissionais no Paraná. Mas uma pesquisa com 326 motociclistas envolvidos em quedas ou colisões divulgada em 2018 pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital de Clínicas de São Paulo confirma as informações do presidente do Sintramotos e aponta que 67% dos acidentados com motos não passaram por uma motoescola.
A pesquisa revelou que as principais vítimas não são os motoboys ou motofretistas, mas sim motociclistas que utilizam a moto para ir e voltar do trabalho, correspondendo a 77% dos casos. Do total, 90% são homens com média de idade de 30 anos.
Ainda segundo o levantamento, a falta de experiência é um dos fatores de risco. Os dados indicam que 23% não tinham habilitação e 33% das vítimas haviam tirado a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do tipo A, para motos, há menos de quatro anos.
Apesar da falta de estatísticas, Cacá Pereira diz que embora o número de acidentes com os profissionais da moto não seja grande em Curitiba e região, tem aumentado. O motivo: os que trabalham com aplicativos de entrega. “As empresas desse ramo não fazem muitas exigências para contratar, mas querem que o profissional tire o atraso no momento da entrega. E isso tem ocasionado muitos acidentes”, diz.
O sindicato, observa o presidente, tem procurado regularizar essa situação, cobrando uma solução das autoridades responsáveis. “Não é possível esquecer que a tecnologia aproxima o tomador e o prestador de serviços, mas entre eles está o motociclista, que tem seus direitos e precisam ser preservados. Lamento a morosidade dos organismos de fiscalização, no âmbito do Trabalho, para buscar uma solução que respeite a lei vigente. Porque pedimos, além da garantia trabalhista, a preservação da vida”.